quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A crise


A crise financeira global passou, e dos seus escombros o mundo tem conseguido se reconstruir, porém agora uma nova crise está rondando, alguns dizem ser uma crise menor e sem importância, para outros se torna um pesadelo crescente. A crise da qual me refiro é a crise do cinema, tanto do cinema mainstream americano, sendo Hollywood seu maior expoente, quanto no resto do mundo. Não é a primeira vez que isso acontece, a mais recente foi a crise dos anos 80 e inicio dos anos 90, que possibilitaram um reinado temporário dos filmes de ação sem profundidade e escritos por alunos do curso primário, foi a era dos "Rambos", dos "Van Dammes", dos "Steven Seagals". Tempo das sequências arrastadas e arrasadas do "Poderoso Chefão 3(1990)", "Alien(1987)", "Exterminador do futuro(1984)". A década das grandes decepções das prêmiações do Oscar como "Dança com Lobos(1991)", "Conduzindo Miss Daisy(1990)", "Entre dois amores(1986)", "Carruagem de Fogo(1982)". A lista é imensa, tem "Coocon", "De volta para o futuro", "Indiana Jones". Só não podemos dizer que foi uma época perdida, por ter alguns que continuaram com seu excelente trabalho, nomes como Woody Allen, Bergman, Kurosawa, irmãos Cohen.
Felizmente em 1994 "Pulp fiction" chegou para abrir os olhos de todos, questionando para onde o cinema estava indo e então as coisas começaram a melhorar. As trevas das repetições, da falta de criatividade e talento ficavam para trás. Infelizmente, essas trevas não podiam ser acorrentadas como a um titã e nesse final de década parece ter nos encontrado, como se estivesse a espera em uma esquina próxima esperando que a encontrássemos. Até mesmo Sofia Coppola, em uma entrevista no festival de Veneza, admitiu que estamos passando por uma época difícil para os diretores independentes. E no ano que promete "Tron: Legacy" ser o melhor do ano não nos permite discordar da diretora. Sofremos uma avalanche de refilmagens, e do estilo "Jerry Bruckheimer", um padrão estético no qual a bilheteria é o único fator levado em consideração. Também temos os pseudocults como "A origem" e "A ilha do medo". Os filmes de vampiros, os filmes de HQs. Passamos pelo esquecimento da comédia como gênero transformando-na em meros sub-gêneros de qualidade duvidosa, ramificando-na em "comédias-românticas", "comédias-pastelão", "comédias de humor-negro", sem falar no terror que também perde suas características para o "gore". Para onde estamos indo? Será que há saída? Numa crise resta-nos torcer por um final feliz, o problema é saber quanto tempo teremos de esperar e dessa vez não temos Woody Allen, Bergman, Kurosawa para nos salvar durante esse devir.

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