quarta-feira, 25 de maio de 2011

Dublinesca - Enrique Vilas-Matas - Cosacnaify

Segue um trecho genial do ótimo novo romance do catalão Enrique Vilas-Matas, publicado pela editora Cosacnaify, traduzido por José Rubens Siqueira:

"Sempre admirou os escritores que todos os dias realizam uma viagem ao desconhecido e no entanto estão o tempo todo sentados em uma sala. As portas de seus quartos estão fechadas, nunca se mexem e, no entanto, o confinamento lhes proporciona uma liberdade absoluta para ser quem desejam ser, para ir aonde os levam seus pensamentos. Às vezes, liga essa imagem dos solitários em seus escritórios com a que foi a obsessão de toda a sua vida: a necessidade de encontrar um gênio, um jovem que fosse muito superior aos outros e que viajasse melhor que ninguém pelo seu quarto. Teria gostado de descobri-lo e publicá-lo, mas não o encontrou e agora é menos provável que vá encontrá-lo. Em todo caso, sempre desconfiou que existir, ele existe. Só que permanece na sombra, pensa Riba: na solidão, na dúvida, na interrogação; por isso não o encontro."